Autoridades regionais e a própria Polícia Federal que atua no Oeste há anos querem saber a razão de o Vant, avião sem tripulante de tecnologia israelense adquirido pelo governo brasileiro no valor de R$ 8 milhões, não está atuando como deveria. A aeronave equipada com sensores e câmeras foi enviada a uma base da PF em São Miguel do Iguaçu com o objetivo de monitorar e impedir o tráfico e o contrabando na fronteira, porém mais de três meses depois do voo inaugural os resultados ainda não apareceram.
O avião pequeno e silencioso, mas possível de ser notado, voa a uma altitude média de dez quilômetros e pode fazer buscas, investigar e atuar na vigilância em tempo real com a capacidade de identificar pessoas, estradas clandestinas e placa de veículos. As imagens que ele captura são enviadas a uma central comandada pela Polícia Federal, com agentes que teriam vindo de fora, e podem ser repassadas instantaneamente via satélite para qualquer base relacionada.
Para esse investimento, o governo vinha testando o equipamento desde 2009 e esta não seria a única aquisição. No fim do ano passado ele foi apresentado oficialmente, no entanto moradores da cidade confirmam que era mais comum vê-lo sobrevoar a região quando estava em fase de teste do que agora. Há quem garanta que desde a solenidade ele teria deixado pouquíssimas vezes o hangar que fica no aeroporto da cidade, onde hoje só operam voos particulares.
A segurança física é feita por homens da Força Nacional. O O Paraná esteve no local, contatou informalmente com agentes que disseram não poder falar sobre o assunto. Também não foi permitido fazer imagens do avião, mas houve a garantia de que ele está operando normalmente.
A promessa do equipamento era revolucionária. Sua aquisição tornaria a PF brasileira a única no mundo a contar com uma tecnologia tão avançada e com autonomia de voo de até 20 horas.
Em Brasília, apesar de diversos contatos com o comando da PF, não houve informações nem foi repassado diagnóstico das investigações e operações realizadas.
PF dividida
Local onde a aeronave está sendo mantida, sem operar.
“A informação que temos é que ele não está voando. É um direito nosso saber por que”, reforçou. “Se estiver voando, operando, gostaríamos de ter acesso ao resultado dessas operações”, concluiu.
A possível inoperância vai além. Agentes da Polícia Federal que já estavam na região antes da chegada do Vant não estão contentes como o que vem ocorrendo. O grupo, ou boa parte dele, não sabe o que o avião está fazendo. Esses agentes não teriam tido o direito de trabalhar com ele e também não sabem que resultado rendeu até agora. Esses agentes tinham como promessa a atuação conjunta com a base, mas nunca chegaram próximos da aeronave. A alegação do grupo é que hoje no Oeste existem duas polícias federais atuando: a que trabalha e a que não tem a oportunidade de trabalhar com ele.
A crítica tem complemento: o Vant teria vindo de cima para baixo, ou seja, por imposições, e quem o opera são agentes vindos de Brasília. Oficialmente, os que vieram e os que já estavam aqui não foram apresentados. Enquanto isso, para a PF regional faltaria, inclusive, equipamentos operacionais.
Fonte: Juliet Frantin, O Paraná
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