Isso
mesmo, em 1969 era colocado um totem com esses dizeres no terreno
onde viria a ser a futura instalação da Empresa Brasileira de Aeronáutica, ou simplesmente EMBRAER, junto ao aeroporto da cidade de
São José dos Campos-SP .
No
final da década de 1960
o
governo brasileiro desencadeou uma política de expansão da
indústria nacional, época em que havia a necessidade de se obter um
avião de propósito geral, para uso civil e militar, a ser utilizado
no transporte de cargas e passageiros. Desta forma promoveu o
desenvolvimento de uma nova aeronave, que viesse a operar com baixo
custo operacional e fosse capaz de ligar regiões remotas e dotadas
de pouca infraestrutura. Coube a uma equipe do Centro
Técnico Aeroespacial,
liderada inicialmente pelo projetista francês Max
Holste,
com a supervisão do
engenheiro aeronáutico Ozires Silva,
a missão de desenvolver o produto. O projeto, que foi chamado de
IPD-6504, teve início em 1965 e se desenvolveu durante três anos e
quatro meses, consumindo 110 mil horas de trabalho. Cerca de 300
pessoas dedicaram-se ao projeto, lideradas pelo Cel. Ozires Silva.
Este protótipo realizou o primeiro voo de demonstração em 22 de
outubro de 1968, a partir do aeroporto de São José dos Campos, sob
o comando do Major Mariotto Ferreira e do Engenheiro Michel Cury.
A
EMBRAER foi criada em 19 de agosto de 1969, destinada inicialmente à
fabricação seriada do avião Bandeirante. No mesmo ano, o
Ministério da Aeronáutica assinou contrato para a produção em
série de 80 Bandeirante. Em 19 de outubro, o segundo protótipo do
Bandeirante fez seu voo inaugural, ainda sob a responsabilidade do
CTA.
A
EMBRAER começou a funcionar em 02 de janeiro de 1970 e, devido as
mudanças de nas condições de mercado, enquanto o primeiro
Bandeirante, o EMB 100, acumulava experiências de voo, a equipe de
projetistas fazia modificações e ajustes necessários, produzindo
um terceiro protótipo, e os oito lugares oferecido nos dois
primeiros protótipos eram insuficientes. A equipe de projetistas da
Embraer decidiu, então, reformular o projeto, criando o EMB 110
Bandeirante, com 12 lugares (versão militar) e alguns avanços
técnicos em relação aos primeiros protótipos.
A
fabricação seriada teve início em 1971 e, no mesmo ano, a aeronave
foi certificada pelo CTA. No dia 09 de agosto de 1972, o primeiro
Bandeirante de fabricação seriada levantou voo. Dez dias depois,
foi realizada uma cerimônia na Embraer para a apresentação pública
do Bandeirante de série, e em 20 de dezembro, o modelo recebeu o
certificado de homologação do CTA. A FAB (Força Aérea Brasileira)
recebeu seu primeiro EMB 110 em 9 de fevereiro de 1973. Durante a
solenidade, uma das aeronaves da FAB voou com o presidente Médici a
bordo.
Em
11 de abril daquele ano foi entregue o primeiro Bandeirante para a
Transbrasil, cujo pedido havia sido feito apenas três meses antes. O
primeiro voo comercial do Bandeirante ocorreu em 16 de abril de 1973,
operando em cidades do sul do país.
O
avião foi bem aceito pelo público e pelas companhias aéreas. Era
leve e com ótima relação custo-benefício, respondendo às
demandas do mercado aéreo regional. Também respondeu muito
positivamente à primeira crise do petróleo em 1973, quando ocorreu
uma alta significativa nos preços dos combustíveis, o que encareceu
muito o custo dos aviões a jato. O Bandeirante, muito mais econômico
que seus concorrentes, tornou-se mais competitivo.
Em
1975, a EMBRAER exportou os primeiros Bandeirante: duas aeronaves
foram vendidas para a Força Aérea Uruguaia. Dois anos depois, foram
iniciadas as exportações do Bandeirante para linhas aéreas
comerciais – a primeira empresa aérea estrangeira a operar com o
Bandeirante foi a francesa Air Littoral. Antes de ser entregue, o
avião foi exposto, juntamente com um protótipo do EMB 121 Xingu, no
mais importante evento de aviação do mundo, o Salão Internacional
de Le Bouget, na França, do qual a EMBRAER participava pela primeira
vez.
Era
também a primeira travessia do Atlântico feita por aviões de
fabricação nacional, que ocorreu em 26 de maio de 1977, quando o
Bandeirante EMB 110P2 nas cores da Air Littoral decolou de São José
dos Campos para Paris, junto com o protótipo do EMB 121 Xingu. As
aeronaves fizeram escala técnica para reabastecimento em Fernando de
Noronha e, no dia seguinte, deixaram aquela base rumo a Dakar, para
depois seguir à Sevilha e finalmente Paris. O Bandeirante, pilotado
pelos comandantes Martins da Rosa e Gualda, completou o percurso em
exatas sete horas e quatro minutos. No dia 12 de junho de 1977, os
aviões seguiram para uma turnê de apresentação na Europa. Em 30
de agosto as aeronaves retornam à França e o Bandeirante foi
entregue oficialmente à Air Littoral.
Em
21 de dezembro de 1977 o Bandeirante recebeu a certificação da
Direction Générale de L'Aviation Civile (DGAC), da França. Em 15
de agosto de 1978, o Bandeirante recebeu certificação no Reino
Unido emitida pelo Civil Aviation Authority (CAA).
Após
a conquista da homologação em diversos países, a empresa buscou a
homologação nos Estados Unidos, junto a Federal Aviation
Administration (FAA), no entanto, até o fim da década de 1970, o
uso de aviões de pequeno porte em rotas regionais não era permitido
nos Estados Unidos. Depois de diversos acordos, em maio de 1978 a FAA
diminuiu as exigências para a operação de aviões menores. Com
isso, a EMBRAER necessitava apenas conseguir um comprador para dar
início ao processo de homologação, o que ocorreu em 21 de junho de
1978, quando Robert Terry, presidente da Aero Industries, fechou um
contrato de compra de três Bandeirantes, que seriam utilizados pela
Aero Commuter, subsidiária da empresa. Assim, em 18 de agosto de
1978, três dias após a homologação na Inglaterra, o Bandeirante
EMB 110P1 foi homologado pela FAA, nos Estados Unidos.
A
partir daí, o Bandeirante passou a ser exportado para vários países
e sendo conhecido lá fora como BANDIT (bandido). O grande sucesso de
vendas do Bandeirante no exterior foi um dos fatores que levou a
EMBRAER a constituir, em 1979, uma subsidiária nos Estados Unidos, a
Embraer Aircraft Corporation, com sede em Fort Lauderdale, Flórida.
Além de fornecer peças de reposição, a EAC tinha como objetivo
ampliar a participação da Embraer no mercado norte-americano e
prestar assistência técnica e treinamento de pilotos para várias
companhias de commuter que voavam entre cidades pequenas.
A
linha de produção do Bandeirante foi encerrada no final de 1991,
sendo que a última aeronave SN 498 (sob encomenda) foi entregue para
o Governo da Amazônia em 1995. No total, foram fabricadas 498
aeronaves, 253 aeronaves para o Brasil e 245 aeronaves vendidas para
o exterior.
Houve
também uma versão feita especialmente para a FAB de patrulhamento
marítimo. Foi apresentado o projeto à FAB no ano de 1975 como
substituto para os Lockheed P-2 (P-15 na FAB) Neptune. Em 1976 a FAB
encomenda 12 unidades, que seriam entregues entre 1977 e 1979, sendo
denominados EMB 111 (P-95 na FAB) Bandeirante Patrulha ou
simplesmente “Bandeirulha”.
O
conhecimento agregado com o Bandeirante levou a EMBRAER a criar uma
nova aeronave, maior, mais rápida e com cabine pressurizada, o EMB
120 Brasilia,
mas isso já é outra história! Falaremos mais sobre a EMBRAER e
suas aeronaves nas próximas postagens!
Fotos/Vídeo: EMBRAER
Rene Maciel novo membro do Rock Aircraft.
Editor e Piloto Privado!
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