Vought (Goodyear) FG-1D Corsair (Foto Michael Durning).
XF4U-1 Corsair
O primeiro voo ocorreu em 29 de maio de 1940 com o piloto Lyman A. Bullard no comando. O Vought F4U se tornou o primeiro caça monomotor dos EUA a superar a velocidade de 640km/h (400mph), marca antes atingida apenas pelo P-38 Lightning (bimotor) da Lockheed. A produção em série teve que ser adiada, pois o protótipo mostrou problemas nos teste de voo em mergulho e recuperação de stall. A U.S. Navy iniciou seus próprios testes com o protótipo XF4U-1 em 1941, e em junho do mesmo ano assinou o contrato para a fabricação de 584 F4U Corsair. O primeiro exemplar de produção voou em junho de 1942, um grande feito, devido a complexidade exigida nos caças embarcados em porta-aviões.
A U.S. Navy recebeu relatos, vindos da Europa, de que o armamento original (2 metralhadoras .30 e 2 .50) eram insuficiente e, por este motivo solicitou junto à Vought um reforço no armamento do caça, que passou a dispor de 3 metralhadoras .50 em cada asa, totalizando 6 dispositivos.
F4U Corsair e F6F Hellcat
Sua performance era impressionante! Mais rápido que o F6F Hellcat da Grumman e apenas 13mph mais lento que o Republic P-47, sendo que os três utilizavam o mesmo motor. Porém o P-47 atingia sua velocidade máxima com a ajuda de um turbocompressor mecânico com intercooler a uma altitude de aproximadamente 30.000ft, enquanto o F4U-1 atingia sua velocidade máxima a uma altitude de 20.000ft apenas com um compressor mecânico em seu motor.
O F4U entrou em serviço, e então surgiram mais problemas. Seu cockpit com canopy estilo “gaiola” tinha uma visibilidade deficiente para o taxiamento da aeronave. Outro problema ainda pior era a péssima tendência que o avião tinha de “quicar” no momento do toque, podendo falhar em engatar o hook (gancho de parada instalado em algumas aeronaves, principalmente nas versões embarcadas em porta-aviões) colidindo com a barreira protetora ou até mesmo perder o controle. A visibilidade na aproximação para pouso era bem complicada, por causa do nariz longo e a cabine recuada, e até mesmo o torque do “motorzinho”(que ironia!), tudo levou a alguns problemas operacionais.
F4U Corsair acidentado durante o pouso em um porta-aviões (Foto media-cache-ak0.pinimg.com).
A U.S. Navy então liberou o caça para o U.S.M.C. (Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA), que operavam suas aeronaves a partir de aeródromos terrestres, pois os testes para operação em porta-aviões revelaram muitas dificuldades. Devido as dificuldades de operação, o F4U ganhou alguns apelidos dos pilotos da U.S. Navy, como: hog(porco), hosenose(nariz de mangueira), bent-wing widow maker (“fazedor de viúvas com asas curvas”), além de ensign killer (“matador de cadetes”). Para a U.S. Navy, o Grumman F6F HellCat era muito mais adequado para operar em um convés de porta-aviões, apesar de não ter a mesma performance que o F4U. Já os Marines (U.S.M.C) precisavam de um caça melhor que o Grumman F4F WildCat e, por usarem bases aéreas terrestres, o pouso em porta-aviões não era importante. O modelo foi declarado “pronto para o combate” em 1942, embora liberado para operar apenas em bases terrestres, até que a questão para operação em porta-aviões fosse resolvida.
Em 1943 o F4U entra em serviço, com melhorias e um excelente armamento para a época, se mostrou um caça excelente tanto em missões de interceptação quanto nas de bombardeio. Os caças japoneses Mitsubishi A6M Zero e os Nakajima Ki-43 Hayabusa tinham mais manobrabilidade, porém as 6 metralhadoras .50 perfuravam facilmente a fuselagem de seus inimigos. O F4U podia carregar até 908kg de bombas e a partir de 1944 10 foguetes de 127mm ou 1 foguete grande de 298mm, o Tiny Tim. Em algumas versões as 6 metralhadoras .50 davam lugar a 4 canhões de 20mm.
Apesar da decisão de emitir o F4U para o U.S.M.C., duas unidades da U.S. Navy, o esquadrão VF-12 (Outubro de 1942) e, posteriormente, o esquadrão VF-17 (Abril de 1943) foram equipados com o F4U. Em abril de 1943, o VF-12 tinha concluído com sucesso a qualificação para pouso em porta-aviões, no entanto, logo abandonou suas aeronaves para os Marines (USMC). O VF-17 manteve seus Corsair, mas o removeram de seu porta-aviões, USS Bunker Hill, devido a dificuldades no fornecimento de peças no mar.
F4U Corsair em Guadalcanal (Foto usmc124and155reunion.com).
As condições de luta contra os caças japoneses eram quase igualadas, pois enquanto os mesmos tinham manobrabilidade, o F4U tinha blindagem forte, grande velocidade e excelente visão para o exterior (com a adoção do canopy em forma de bulbo).
Em novembro de 1943, durante a operação com uma unidade em terra nas Ilhas Salomão, o VF- 17 reinstalou os hooks (ganchos da cauda) para que seus F4U pudessem pousar e reabastecer, proporcionando cobertura superior sobre a força-tarefa que participam na invasão a uma transportadora em Rabaul.
Enquanto o F4U voava bem, no solo dava trabalho. O numero de pneus estourados durante pousos era alto, pois como a aeronave tinha um grande ângulo de inclinação quando em solo, devido a adoção de asas de gaivota invertida, e a visão frontal do piloto foi prejudicada, tornando o Corsair altamente suscetível a acidentes durante pousos e decolagens.
Em abril de 1944, após a instalação de novos amortecedores no trem de pouso, a U.S. Navy finalmente aceitou o F4U para as operações a bordo de porta-aviões, pois a medida finalmente eliminou a tendência que a aeronave tinha em saltar no momento do toque no pouso .
As versões fabricadas foram:
F4U-1 (Foto wikimedia.org).
F4U-1A (Foto Matthew C. Lyons).
F4U-1C (Foto vought.org).
F4U-1D (Foto wikimedia.org).
F4U-4 (Foto Keith Burton).
F4U-5
Foram fabricados 12.571 F4U em diferentes versões. A demanda foi tão grande que comprometeu a capacidade da Vought em fabricá-lo, fazendo com que as fábricas Goodyear e Brewster produzissem o modelo. Foi fabricado entre 1942 a 1953, sendo o caça a pistão com o período de produção mais longo nos Estados Unidos.
Chance-Vought F4U-5 Corsair da Argentina (Foto histarmar.com.ar).
O F4U não serviu na nossa querida FAB (Força Aérea Brasileira), mas era possível ver um modelo do caça exposto no MUSEU TAM. Porém infelizmente o museu encerrou suas atividades em janeiro de 2016, deixando um mistério sobre o futuro do caça em terra brasilis. Outra curiosidade sobre o avião é que ele é lembrado no filme de animação “Aviões” da Disney, onde um dos personagens, o velho guerreiro Skipper, é um F4U, que ensina o pequeno avião pulverizador chamado Dusty a voar com performance para a corrida aérea, sempre relembrando alguma missão que viveu no Pacífico!
Rene Maciel / Rock Aircraft
Editor e Piloto Privado.
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