O investimento no projeto é de R$ 4,9 bilhões. Em dez anos, a estimativa é produzir cem unidades. Para a fase de desenvolvimento, foram criados 9 mil empregos, sendo 1,5 mil diretos e 7,5 mil indiretos.
Em comparação com o Hércules, o KC-390 é um avião de última geração. Maior aeronave já construída no Brasil, ele pode decolar de Brasília e chegar sem escalas a qualquer capital brasileira carregando até 26 toneladas de carga. Possui excelente desempenho e avançado sistema de missão e voo.
Entre suas finalidades, além do transporte de cargas, o KC-390 poderá cumprir missões de transporte logístico militar, realizar lançamento de cargas e de paraquedistas, tem capacidade para reabastecer jatos e helicópteros durante o voo, além de conduzir operações de busca, resgate e socorro médico. A aeronave é considerada ideal também para ações em missões humanitárias, como no Haiti e em caso de incidentes como a tragédia de Mariana ou um terremoto.
O KC-390 possui basicamente o mesmo tamanho do Hércules, mas é mais rápido e voa mais alto. Pode levar as 26 toneladas de carga a uma velocidade máxima de cruzeiro de 860 km/h, o que lhe confere agilidade e permite reduzir os tempos de viagem. O Hércules, por exemplo, pode chegar a 590km/h e só levando limite de 19 tonaledas de carga.
Apesar de ser mais rápido, o KC-190 pesa 17 toneladas a mais do que o Hércules. Uma desvantagem do KC-390 é a capacidade de transportar pessoas: são 80, contra 96 do Hércules (veja mais informações em quadro nesta página).
O novo avião apresenta sistemas de controle de voo de última geração, que tornam a operação por parte do piloto muito mais fácil. O cargueiro inova ao ter sido planejado com turbinas, o que é um grande desafio para esse tipo de avião. O Hércules, por exemplo, é movido a hélices.
“Na autoproteção da aeronave, há sistemas contra mísseis que a credenciam a ser usada em vários cenários de combate”, diz Nelson Düring, analista militar.
Força Aérea
Por enquanto, a Força Aérea Brasileira (FAB) é o único cliente que já formalizou um pedido de compra, de 28 aeronaves (por R$ 7,2 bilhões). Mas aparentemente não faltam interessados. O Ministério de Finanças da Alemanha sugeriu, na última semana, a compra do cargueiro, segundo a Agência Reuters. Para o governo alemão, o KC-390 surge como uma alternativa “muito convincente”, comparado ao C-130. O plano é comprar de quatro a seis unidades.
“Segundo a Embraer, existe uma carteira de pedidos que pode chegar até 500 aeronaves. Isso significaria que teríamos um impacto na nossa balança, ao ano, de mais de US$ 1 bilhão, US$ 1,5 bilhão só com as vendas do KC-390”, disse o ministro da Defesa brasileiro, Raul Jungmann.
O projeto do avião foi desenvolvido em conjunto pela FAB e a Embraer Defesa e Segurança e mostra avanço tecnológico para a indústria aeronáutica brasileira por projetar uma aeronave que atinge novos padrões na sua categoria, com menor custo operacional e flexibilidade para executar diferentes tipos de missões.
Os estudos, em parceira com Argentina, Colômbia, Portugal e República Tcheca, levaram sete anos. Como o modelo é para transporte de carga, tem que ter espaço livre e há poucos bancos de passageiros. O avião já tem mais de 400 horas de voo em testes.
Parceria com a Boeing vai agilizar vendas
Embraer e a Boeing formalizaram, em junho desse ano, um acordo de parceria para vendas e suporte do KC-390. As empresas planejam explorar juntas a comercialização da aeronave e o suporte e manutenção. A Embraer vai fabricar o avião, enquanto a Boeing fará o suporte operacional.
“A expansão do nosso relacionamento permitirá oferecer o melhor avião de transporte médio para os nossos clientes, ao mesmo tempo em que os mantêm respaldados pelo melhor serviço de suporte disponível”, disse Jackson Schneider, presidente e CEO da Embraer Defesa e Segurança. “A Boeing tem uma notável experiência no mercado militar e o KC-390 é a aeronave mais eficiente em sua categoria.”
“O acordo de parceria entre Boeing e Embraer reúne duas empresas fortes e reforça o nosso compromisso de ampliar a oferta de serviços a aeronaves que não são produzidas pela Boeing”, disse Ed Dolanski, presidente da Boeing Global Services and Support. “Nossa vantagem é o alcance global da Boeing, o que proporciona maior flexibilidade, permitindo-nos atender rapidamente aos clientes, bem como aproveitar as sinergias que ajudam a reduzir custos e repassar esta economia aos clientes”.
Paulo Gastão, diretor do projeto do KC-390, aposta na parceria com a gigante do setor. O acordo que temos em vigor com a Boeing contempla o seguinte aspecto: trabalhamos juntos na busca de oportunidades e a Boeing entra no suporte pós-vendas do KC-390. Além disso, temos mantido uma troca de informações técnicas que foi importante na fase de desenvolvimento, na validação de algumas de nossas soluções. Nós iniciamos e continuamos um trabalho integrado de análise de mercado e de identificação de oportunidades, mas o principal é no suporte pós-vendas do KC-390”, disse.
Foto: Embraer
Guilherme Busch, Correio Popular!
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